26.4.12

"LEITURAS DE PORTA ABERTA", de Alexandra Mesquita.




Inaugura Sábado, dia 28 de Abril de 2012, às 15.30, na Galeria Arte Periférica, no Centro Cultural de Belém- Loja 3, Lisboa, a Exposição “LEITURAS DE PORTA ABERTA”, de Alexandra Mesquita.
Ficará patente até ao dia 24 de Maio de 2012, todos os dias, das 10h às 20 horas.

Eu não irei à inauguração, por razões que já aqui foram faladas, mas deixo a informação.


Texto que acompanha o convite:


Leituras de porta aberta

Diz-nos a ciência, confirmando o bom senso, que o ar é um elemento essencial. Ventila, areja, e em suma, permite-nos respirar… Depois, para além disso, o ar faz mais, na sua circulação e se estiver associado a uma corrente, ou seja, se o ar estiver a formar uma corrente de ar, este poderá activar um sistema de renovação. O ar traz a descoberta. O ar em corrente pode trazer a surpresa, desarrumando faz-nos descobrir algo. Uma corrente de ar introduzindo a desordem, permite a formação, consequentemente, de uma nova ordem… Aqui mostro, deixando claro, que sempre quisemos buscar a harmonia, até ao dia, em que por puro esquecimento, deixamos a porta aberta. Isto permitiu a entrada súbita de uma corrente de ar, oportunista que tudo recriou a seu belo prazer…

Enquanto a porta se manteve fechada, tudo estava equidistante e ordenado.

E assim, também a cabeça estava fechada, muito fixa, mesmo a pensar. Depois, nós reparamos que estava tudo simétrico e a uma distância constante.

Mas eis que subitamente, a porta abriu-se. O ar entrou, começou a circular por tudo. O ar fez com que tudo respirasse de pulmão bem aberto. Tudo se dispersou, pulsando. Algo começou a pairar, a movimentar-se espontaneamente. Isso era a força motriz da imaginação solta, liberta. Depois a cabeça nunca mais se fechou, nada foi o mesmo. Eu fiquei para sempre aberta, disponível. Quando assim se está, tudo pode entrar, o que também significa que tudo também pode sair em liberdade.

Pensar ajuda-nos a sermos mais conscientes e organizados. Mas, só a imaginação faz subir, ou seja, só ela faz voar.

Nunca fechemos essa porta. Vivo de tampa aberta e escuto. Para melhor ver. É com a imaginação que melhor observo e absorvo.

Se abrimos a porta, tudo pode entrar. Até as moscas, ou as pessoas, e também coisas abstractas, como ideias: tudo o que puder atravessar a porta, entrará.

A mosca tem coisas para dizer, transporta recados, uma espécie de etiquetas ou rótulos. A mosca pensará? Contudo, a mosca aqui é quem escuta tudo.

Um ascensor em manutenção, um telefone já desligado, um ralador ralado, estão aqui também reunidos uma série de objectos meio adoentados ou em vias de terem problemas. Eles estão juntos e expostos a uma problematização sobre o seu estado inoperante… E deu-lhes o vento, a corrente de ar entrou, eles deslocam-se. Será que ficarão cá todos, para os vermos?

Alexandra Alexandra, Abril de 2012