Escreve o filósofo João Cardoso Rosas:
"ao contrário do que acontece quando alguém constrói uma fortuna, ninguém tem qualquer mérito por ter nascido numa família rica. As circunstâncias sociais do nosso nascimento são, como se costuma dizer, "moralmente arbitrárias". Por isso os herdeiros não merecem a sua herança e, quando essa herança vai para além de um património razoável que é lícito que os pais queiram deixar aos filhos - por exemplo 500.000 euros, ou mesmo um milhão de euros -, então é da mais elementar justiça que esse património seja taxado."
Por isso, explicita, o PR tem razão quanto à re-introdução de um imposto sobre heranças.
E lembra:
"um imposto deste tipo existe na maior parte dos países, incluindo naqueles que servem de modelo ao actual Governo. A abolição do imposto sucessório em Portugal - um escândalo num dos países mais desiguais da Europa - só foi possível pela insistência de Paulo Portas, o verdadeiro autor do argumento de que ao taxar as heranças estamos a taxar os mortos. Não é verdade. Estamos a taxar herdeiros que não têm moralmente direito àquilo que herdaram e que, na maior parte dos casos, irão desbaratá-lo."
Por mim, o ponto não está no desbaratar. (O desbaratar é outro problema.) Mas, no essencial, o filósofo está a tocar no nervo.
O texto de João Cardoso Rosas está aqui: Taxar os ricos. Encontrei-o graças a João Rodrigues.