Uma das coisas mais interessantes da blogosfera é a argumentação: cita-se um tipo (de qualquer género), faz-se um link, dá-se uma bordoada, denuncia-se uma incongruência, junta-se um dado, contesta-se ou engrossa-se a corrente. Com maior ou menor elegância, esse jogo é sumo da parte boa desta fruta.
Como há gente que não sabe distinguir um fruto maduro de um fruto podre, há uns bizarros que pensam que aquilo (discutir ideias, com mais ou menos picardia, por blogues entrepostos) se confunde com escrever umas atoardas ou chamar uns nomes feios (pensam eles: alguns acham mesmo que "socialista" é um insulto). Bolsar disparates, para alguns, é quase como escrever uma tese de licenciatura à bolonhesa. (Já para não falar de um certo maluco do Porto, com uns patins mirabolantes, que tenta "insultar" um mínimo de 750 blogues em cada post.) Nunca percebi se esse comportamento resulta, simplesmente, de calos mal tratados, que dão muitas dores e indisposições, ou da tentativa de atrair conversa. Confesso que continuo sem perceber, especialmente na parte em que entram adereços estranhos na peça (por exemplo, deixar insultos anónimos na caixa de comentários, embora os mesmos insultos sejam depois "elaborados" em postas lá nos blogues dos seus autores.)
Admito que parte da minha incompreensão por fenómenos deste tipo seja defeito meu: provavelmente, nem sempre me apercebo quando topo com um blogue de humor. Ora, como é sabido, confundir uma palhaçada com uma coisa séria é um equívoco no mínimo embaraçante. Afinal, tudo tem uma explicação: fazer humor é mais difícil do que se pensa. Detectá-lo, também. Mesmo quando é humor negro.