Lendo alguma coisa do que se escreveu por aí, nas "redes sociais" e na blogosfera, a propósito de Inês de Medeiros prescindir dos pagamentos de viagens a que o Parlamento decidira que ela tinha direito, devo acrescentar algo ao que escrevi antes: há um aspecto nocivo neste gesto de Inês. Que é dar a ideia de que agora, só agora, é que ela agiu bem. É como se eu, cansado de ser roubado na rua, decidisse fechar-me em casa - e fosse aplaudido por isso, e não por resistir, gritar por socorro, chamar a polícia, apelar à vizinhança, contrariar o ataque. Aplaudem Inês por ela se ter cansado de lutar contra a ignomínia? Deviam era tê-la apoiado na sua luta contra a ignomínia. Vir agora falar como se a apoiassem pode parecer-se muito com lágrimas de crocodilo.