31.5.09

apelo de cidadania

[ see / hear / do]



Nas ruas de Frankfurt (fotografado a 24 de Maio de 2009).
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28.5.09

em Léon...



... para Cognição Comparada (animais, robots, humanos: o que é que comunicam, como é que comunicam; cooperação, motivação, interacção entre diferentes "reinos".) E, de momento, é o que se pode dizer.
Entretanto, espreitadelas a uma das vias do Caminho de Santiago, que por aqui passa.



26.5.09

Darwin contra o darwnismo


A 12 de Fevereiro de 2009, o mundo comemorou os 200 anos de Charles Darwin. Se a importância de Darwin é universalmente reconhecida pelos biólogos, em economia o seu nome está associado à visão de uma concorrência feroz, impiedosa e omnipresente. Mas Darwin, ele próprio, não teria necessariamente aderido a este "darwinismo" económico e social.

Em A Origem das Espécies, Darwin quase nada escreveu sobre o homem. Mas, noutra obra, The Descent of Man, a sua visão das sociedades humanas dá um lugar importante à cooperação. Não apenas, pensava ele, esta cooperação era necessária e sã, mas além disso ela foi favorecida pelo processo ... de selecção natural. "Quando duas tribos estavam em concorrência," escreveu ele, "se uma delas tivesse uma elevada proporção de pessoas corajosas, altruístas e leais, sempre prontas a avisar os seus companheiros da presença de perigo, e para se defenderem mutuamente, esta tribo teria mais sucesso. "

Num livro publicado em Janeiro de 2009 em Londres (Darwin's Sacred Cause, ed. Houghton Mifflin Harcourt), os seus biógrafos, Adrian Desmond e James Moore, mostram que a paixão que levou Darwin a desenvolver a teoria da selecção natural devia menos a um compromisso estritamente científico do que à sua participação nos grandes debates da época sobre a escravatura. Os seus dois avôs, Erasmus Darwin e Josiah Wedgwood, eram militantes anti-esclavagistas. O próprio Darwin viu o comércio de escravos durante a sua viagem à volta do mundo a bordo do Beagle. Ele queria provar que todas as raças vieram de um antepassado comum, membro da espécie Homo sapiens. A selecção natural era um argumento na sua defesa da cooperação humana.

Com efeito, enquanto a concorrência está presente em todos os discursos económicos, cada um de nós cruza-se todos os dias com muito mais pessoas das quais depende e a quem pode dar o seu apoio, do que com verdadeiros concorrentes. Desde o padeiro, que nos vende o seu pão, até à equipa que nos rodeia no escritório, passando pelo motorista do autocarro, ficamos satisfeitos quando cada um faz o seu trabalho bem feito, e decepcionados quando o fazem mal. Seria exactamente o oposto se eles fossem nossos concorrentes!

Mas Darwin também admitia que os grupos solidários estão muitas vezes em concorrência com outros grupos igualmente solidários. Esta concorrência era, para ele, o berço do altruísmo e do apoio recíproco, que são centrais para a nossa sociedade moderna. Que a solidariedade humana seja forte nas situações difíceis, não é uma imagem poética, mas um facto científico. Na crise económica que toma conta do nosso planeta, estamos mais do que nunca precisados das lições de Darwin.


Paul Seabright
Escola de Economia de Toulouse
Le Monde Économie, 17 de Fevereiro de 2009
(versão portuguesa de Porfírio Silva)


haja quem defenda as instituições...


Oliveira Costa acusa Dias Loureiro de mentir.


Pronto, qualquer dia já vamos poder voltar a ter reuniões do Conselho de Estado.
Aqui me explico.


no problem, man


Comissão de inquérito ao BPN: PCP quer levar Banco de Portugal a tribunal por desobediência qualificada.

«O PCP vai propor esta tarde à comissão de inquérito ao caso BPN, depois da audição de Oliveira e Costa, a apresentação de uma queixa-crime contra o Banco de Portugal (BdP) por desobediência qualificada, por se ter recusado entregar ao Parlamento documentos considerados essenciais para o apuramento dos factos.»

PS considera proposta do PCP inútil.


«O deputado socialista Ricardo Rodrigues afirmou que a proposta do PCP "é inútil, porque não resolve problema algum", considerando que o mais importante é "alterar a lei dos regimes de inquérito, de forma a possibilitar o acesso a todos os documentos necessários".»

Deixemos-nos de histórias: o Parlamento não pode pensar (só) com o pragmatismo de um polícia. Se o Banco de Portugal tiver desrespeitado os poderes do Parlamento, aqueles que ele já tem actualmente e não os futuros, o Parlamento não pode acomodar-se a isso, tem de agir para se fazer respeitar. Ou, pelo menos, para clarificar a situação do ponto de vista jurídico. A ideia de que "deixa estar, não faz mal, a gente vai resolver isto de outra maneira", é uma ideia tola de um parlamentar que não tem a noção do que é um regime democrático e de quais são as suas responsabilidades como representante do povo. Não são causídicos a defender um merceeiro contra uma peixeira. São deputados. E o regime é que deve ser o "problema" deles. Ou estou errado?

grandes músicas


É pena não ter só refrão...
(É só um piscar de olho aos que julgam que eu tenho um "Querido Líder".)



Roubado no Womenage à Trois

25.5.09

as pequenas memórias (*)




Só temos pequenas memórias de coisas que importam grandemente.

(*) Estou certo de que roubei este título a algum Nobel. Mas não me lembro qual. (**)

(**) Certo, mentir é pecado. E daí? Se a harmonia do universo contempla os títulos "objectivamente bons", é natural que eles sejam descobertos de forma independente por vários indivíduos em tempos e lugares distintos.


tipos de cegueira


Regresso de imigrantes está a deixar o país mais pobre e envelhecido.

«Portugal está a perder capacidade de atracção para os imigrantes. E, se o país não for capaz de segurar os imigrantes que tem e atrair novos, vai ficar mais velho e mais pobre, alertam vários especialistas ouvidos pelo PÚBLICO, segundo os quais é urgente colocar um travão à tentação xenófoba que ameaça em tempos de crise.»

Nuno Melo quer política de imigração "menos flexível".


Isto do Nuno Melo é uma cegueira branca, do tipo Ensaio sobre a Cegueira, do Saramago, ou é mesmo e apenas uma cegueira daquelas banais?

23.5.09

Offenbach am Main (relatório em progresso)


História da tecnologia, robots. Na Escola de Design.

afinal é possível


Eu não vejo a TVI, em particular evito o principal telejornal. Não é por nada, nem chega a ser pelo que lá se diz: é apenas porque ver certas coisas dá-me pesadelos de noite. Mas valeu a pena acorrer a uma chamada de atenção da Visão em linha. Marinho Pinto mostrou que afinal é possível uma "figura pública" não se vergar aos ditames do jornalismo propagandístico, ao espalhafato - e dar troco. O homem até pode ser truculento, mas seria bom que outros o seguissem neste ponto e não se acobardassem face à palhaçada televisiva de linchamento dos que se atravessam no caminho do monstro. Do monstro mediático, claro.
O vídeo fica para re-visões sempre que a raiva pelo circo me assaltar e pedir curativo.




[Actualização] Acrescento a versão longa:




Parece que MMG comentou posteriormente: «Foi a primeira vez que um convidado perdeu o controlo.» Acho que ela queria dizer «Foi a primeira vez que um convidado me fugiu ao controlo.» Venham mais!

22.5.09

depois disto, sobre o Meno





Não, não em Francoforte. Mesmo ao lado. Offenbach. Afinal, não assim tão longe como isso. Longe era no tempo de partir "a salto".

20.5.09

Rembrandt actualizado



Rembrandt, A Lição de Anatomia do Dr. Tulp, 1632




Uma lição de anatomia actualizada, Freaking News


ou então


Eurojust fora das investigações do Freeport .


«A decisão vem na sequência das denúncias de pressões alegadamente feitas por Lopes da Mota, que preside ao organismo.»
Ou vem na sequência da partidarização galopante da questão, já denunciada por Cavaco, e que corre o risco de dar mais fumo à oposição para tapar aquilo que ela não quer que se veja - a saber, que nada de substantivo corrobora as suspeições montadas em torno de Sócrates?


jornalismo de gazeta escolar


PS e PSD mudam lei do Segredo de Estado.


«Mais uma lei de Bloco Central», escreve o Público. Dadas as polémicas recentes sobre essa putativa solução para um governo maioritário de mais de um partido na próxima legislatura, esta forma de escrever é um piscar de olho ao disparate. Ignora-se que a maioria constitucional que, há muitos anos, torna possível este regime, com os seus defeitos e as suas virtudes, tem contado, e tem de contar, com os 2/3 que fazem o PS e o PSD? E que isso inclui um certo número de "matérias sensíveis" para as quais outros partidos, designadamente a esquerda-da-esquerda-da-esquerda, nunca estão disponíveis? Confundir isso com uma solução de governo qualquer, no caso o "bloco central", é jornalismo de gazeta escolar. O que, metendo o Público, pode passar por uma ofensa aos jornais escolares.
Prefeririam a impossibilidade de qualquer maioria qualificada para assuntos de "tipo" constitucional?


faces do proteccionismo


Barroso: "Ceder à pressão populista contra os imigrantes é mau para a Europa".


Desta feita concordo com Barroso. Barrar os imigrantes seria outra face do proteccionismo. Que os que alertam contra o proteccionismo não tenham esquecimentos (in)convenientes quando toca às pessoas.



19.5.09

passeando nas paisagens de lisboa como um juiz no tribunal

(Foto de Porfírio Silva. Clicável.)

Será mais fácil uma pessoa preparar-se para enfrentar a sua própria miséria ou preparar-se para fazer face à miséria dos outros? À miséria moral, dizemos. É mais fácil lidar com os nossos "crimes", sobreviver-lhes, ou lidar com os crimes dos outros? Será mais difícil perdoar os outros ou perdoar-nos a nós? Como se sente o padre no confessionário? Pecador? Como se sente o juiz no tribunal? Como se carregam os pecados do mundo, quando já ninguém acredita que haja pecados, quando tantos pensam que culpados são os que se deixam apanhar?
Há máquinas nos céus de Lisboa. Presas ao chão. Porque nem todas as máquinas voam. E que voassem: nem todas as palavras têm força para curar, para devolver a alma.
Há paisagens em Lisboa. Presas ao chão. Presas aos crimes da humanidade. Lado a lado com "o progresso".

um pouco de seriedade, custará muito?


PS inviabiliza ida do presidente do Instituto do Emprego à Assembleia da República .


O PS inviabilizou a ida do Presidente do IEFP ao Parlamento - por estar, hoje mesmo, nesse mesmo Parlamento, o Ministro e os Secretários de Estado politicamente responsáveis por tudo. Estando lá os responsáveis máximos, não se chamam os executantes.
Entretanto, suponho que para satisfação da oposição, o ministro Vieira da Silva, na Comissão Parlamentar, explicou tudo muito bem explicadinho, mostrando que houve um mero problema informático, que tipo de problema foi, que foi corrigido em 24 horas, que os números avançados por ele e pelo IEFP eram perfeitamente exactos - e que todas as suspeições sucessivamente avançadas pela oposição eram ignorância (se não eram má-fé).
Não me surpreende: Vieira da Silva é um dos ministros mais bem preparados, mais fortes tecnicamente e mais seguros politicamente deste governo. O que não é coisa pouca.
Os excitados com a perspectiva de mais um escândalo parece que podem meter a viola no saco. Os títulos inflamados, escritos por gente mal informada, são mais palha do mesmo saco.

só neste país...


Presidente do Parlamento britânico apresentou a demissão.


Não estou a ouvir aquelas vozes que costumam bradar "isto só neste país"... Aquelas vozes que louvam a maturidade da democracia britânica... (Mas sou capaz de estar a ouvir os pensamentos daqueles que julga[va]m possível fazer lançar lama sobre toda a gente - menos sobre si próprios.)

contra os robots da república, marchar marchar


Cavaco diz que instituições até agora funcionaram no caso Lopes da Mota.


«O Presidente da República considera que as instituições até agora funcionaram no caso de Lopes da Mota, mas escusa-se a comentar a sua manutenção em funções porque a questão já foi transformada em combate político-partidário.»

Numa coisa sou capaz de estar de acordo com Cavaco: não parece saudável que tudo no país seja reduzido ao combate político, muito menos que tudo seja reconduzido à guerra entre partidos.
O totalitarismo da política (que consiste em pretender que toda a gente esteja sempre a pensar em termos de "bem da nação", qualquer que seja o assunto) e o totalitarismo da partidarização (que está sempre a tentar ler qualquer passo ou qualquer bocejo como sinal de inclinação partidária) - são doenças da democracia. Porque esgotam os recursos colectivos, em vez de os empregar no que é mais importante. Porque cansam as pessoas, que não são robots da república.
(Confesso que estou um bocadinho farto desta "tensão pré-revolucionária" alimentada pelo plano de assalto geral e por todas as vias ao quartel-general.)

multiplicação dos pães




Paulo Rangel: "O PSD está à esquerda do Partido Popular Europeu (PPE), mas eu estou à direita do PSD".


«Eu sou do partido X. Logo, os que simpatizam com o partido X devem votar em mim.
O partido X está à esquerda da sua família política europeia. Logo, os que queiram votar à esquerda da família política europeia do partido X - devem votar no partido X.
Eu estou à direita do partido X. Logo, os que queiram votar à direita do partido X devem votar em mim (quer dizer, no partido X).
Em resumo: quer sejam mesmo do "tipo partido X", quer estejam à sua esquerda, quer ainda estejam à sua direita, devem todos votar no partido X. Portanto, em mim.»
Melhor que o milagre da multiplicação dos pães.

(De passagem, repito o que já aqui disse antes: eu também sou federalista e acho bem que Rangel se confesse. Convém é que alguém lhe explique quais as razões pelas quais os federalistas deixaram em geral de falar nesses termos. É que ele, falando assim, parece mostrar que está uns anos atrasado no debate e nos conceitos. Naturalmente, as sabatinas de última hora não podem cobrir tudo.)

17.5.09

são rosas, senhor


Perla Krauze, De lo precario a lo permanente, 1999

(Fotografado na Arte Lisboa 2006. Clicar amplia.)


urtigas




PS acusa partidos de “pressão ilegítima” ao chamarem Lopes da Mota ao Parlamento.


Não aceito de forma irrestrita o argumento de que o Parlamento não pode interessar-se por protagonistas que estejam a prestar contas à justiça. Apesar de isso poder suscitar problemas importantes ao nível das garantias dos demandados (posso ser obrigado a ir ao Parlamento auto-incriminar-me ou dar trunfos aos que me investigam?), os representantes do povo não podem ser bloqueados na sua função - desde que se distingam bem as áreas que cabem a cada um. O Parlamento, a meu ver que não sou especialista destas coisas, deve concentrar-se nas questões políticas e não as misturar com as investigações a correr noutras instâncias com diferente legitimidade. Neste caso, o que pode interessar ao Parlamento que não dependa do processo disciplinar que está a correr? Suspeito que, para alguns partidos, estamos em tempo de "vale tudo" (incluindo arrancar olhos) - para potenciar de qualquer modo o score eleitoral. O estado do Estado? Às urtigas.

16.5.09

cidade de formigas


Para começar a fazer uma ideia do que seja a "inteligência de enxame", vale muito a pena este curto vídeo. Está no blogue de Vitorino Ramos: Chemoton § Vitorino Ramos’ research notebook.





O blogue é excelente e tem por lá outras pérolas. Muitos meses depois, ainda vale a pena ler On Finantial Markets.

15.5.09

ainda o financiamento dos partidos


Há uns dias foram aprovadas por unanimidade na Assembleia da República umas alterações à lei do financiamento dos partidos. A primeira reacção foi um coro de damas escandalizadas porque supostamente os partidos estariam de novo a fazer mão baixa à massa de todos nós. Desde os habituais comentários nos sítios dos jornais na internet, pejados de tolices, até vários políticos na reserva que estão à espera da sua oportunidade para cavalgarem a desgraça alheia (alheia, quer dizer: dos seus "companheiros" ou "camaradas"). A essa onda vários esforçados apoiantes da lei têm reagido vindo explicar que muito do que se diz por aí é pura mentira, não correspondendo a nada do que lá está escrito. Já aqui chamámos a atenção para um escrito de Rogério Moreira nessa linha.
Bernardino Soares, líder parlamentar do PCP, escreve hoje no Público um artigo que se insere nesse esforço. Lembra, por exemplo, quanto à questão das receitas em numerário, que «além de terem de ser depositadas em conta própria, sujeita à fiscalização da entidade competente, estas contribuições não podem exceder (...) cerca de 104 euros, o que não se compadece com as insistentes referências às "malas de dinheiro".» Portanto, se ouviu o seu comentador de serviço com essa conversa, já sabe: esse comentador anda a comer-lhe as papas na cabeça, não fazendo o trabalho de casa.
Outro aspecto interessante desta novela é que, tendo as alterações sido votadas por unanimidade, cedo alguns partidos enfrentaram a polémica tentando sair da chuva de forma pouco elegante, dando a entender que afinal as coisas más não tinham nada da sua lavra. Também Bernardino Soares entra nesse jogo, dizendo, a páginas tantas, que o aumento da subvenção aos partidos para as segundas voltas das eleições presidenciais foi decidido com a oposição do PCP. Claro, claro, claro: o PCP está contra esses gastadores! Malandros! Ou será, antes, que o PCP não espera nunca mais colocar um candidato seu na segunda volta de umas eleições presidenciais?! Acha, em consequência, que pode aproveitar esse elemento para limpar as mãos de um pacote de alterações que, numa medida importante, era também para dar satisfação ao PCP.
Dizia a minha Avó que "quem não tem vergonha todo o mundo é seu".


não desvalorizem


Manuel Alegre sai das listas eleitorais mas fica no PS. Membros do MIC deverão integrá-las.


Andam já para aí os comentadores a dizer que Alegre conseguiu decidir sem decidir, ficar na mesma entre cá e lá, mantendo-se no nevoeiro do Encoberto. Estão redondamente enganados. Dizer isso é uma profunda injustiça. Alegre conseguiu fazer uma coisa que já não fazia há dezenas de anos: deixar de ser deputado. Talvez, quem sabe, procurar outro trabalho. Fazer-se à vida. Pela primeira vez puxou tanto a corda de fazer-render-a-divergência que percebeu que tinha mesmo de deixar os Passos Perdidos. É obra. Parabéns, camarada Manuel Alegre: foi d'homem, esta.

(Outro ponto é este: faz tanta falta ao PS uma esquerda mais esquerda! Mas isso é outro assunto completamente diferente.)

parem de falar no desemprego, vocês aí...


Portugal tem quase 500 mil desempregados.

Excelências, que antes da "crise" éreis sempre contra qualquer pensamento da economia centrado no emprego, porque permanecíeis fiéis à ideia da "taxa de desemprego natural", que dá mais fluência à economia real e mantém a maralha sob um certo controlo - Excelências, parem de falar no desemprego agora. A não ser que seja para começar a pensar de outra maneira para além da crise. No longo prazo, que é o prazo de que os economistas mais teóricos gostam, estaremos todos mortos. A prazo de dez anos, que é o prazo em que se sentem confortáveis os economistas que gostavam de ser governantes mas não têm unhas para isso, podemos não estar mortos mas estar muito amachucados. Voltem a falar no flagelo do desemprego só quando estiverem decididos a pensar em termos da desgraça imensa que uma pequena faúlha da economia pode representar para um homem ou uma mulher ou uma família concreta.


isto sim, é uma campanha europeia com interesse ...


Welcome to the Youtube space of the European Union




14.5.09

acareações


Sócrates compreende e respeita posição de Vital mas mantém silêncio sobre Lopes da Mota .


A SIC Notícias acaba de fazer uma montagem colocando lado a lado Sócrates e Vital Moreira a falar sobre este caso, dando depois a palavra a Paulo Rangel para este dizer que havia contradição entre a direcção do PS e os seus candidatos. Se não fosse desonestidade intelectual, seria falta de entendimento. Porque: (1) as responsabilidades do PM não correspondem exactamente às de líder de um partido, porque o PM deve respeitar os poderes dos diferentes órgãos do Estado - embora pareça que Rangel não faz ideia dessa distinção; (2) o PM falou do que o governo entende dever fazer, Vital falou do que faria se estivesse no lugar do visado pelas suspeitas - mas Rangel não percebe que haja diferentes pessoas num caso; (3) Vital falou em suspensão de funções durante o decorrer do processo, não falou de demissão - sendo que o governo poderia eventualmente demitir o tal senhor, mas provavelmente não poderia aplicar-lhe uma "suspensão à cautela" - subtilezas que parecem muito complicadas para Rangel. Até admito que Rangel faça um estilo agradável a muitos: mas lá que anda a exagerar na aldrabice, isso anda. É bom para ele, de qualquer modo, que a SIC Notícias monte as peças a jeito das suas diatribes, como foi este o caso: o emparelhamento de declarações lado a lado no ecrã tem, desde logo, o efeito psicológico de sugerir confronto, discórdia, desentendimento - e acareação para mostrar tudo isso. Não parece muito subtil, mas é capaz de funcionar.


túmulos caiados de branco e outras artes


Rangel acusa PS de estar dividido sobre Lopes da Mota no Eurojust.


Quando só há uma opinião unânime dentro do PS sobre qualquer assunto, o PS é acusado de ser um partido monolítico. Uma espécie de remake da longa noite fascista em tempo acelerado. Quando na área do PS (Vital é independente, candidato às europeias e não a dirigente do PS) - digo, quando na área do PS há mais do que um ponto de vista sobre algum assunto, o PS está dividido. O PS só pode, pois, ser um túmulo caiado de branco (só mortos lá dentro) ou uma orgia romana de opiniões desencontradas (todos gritam e ninguém se entende): é essa a visão "equilibrada" de certos comentadores. (Desculpem, Rangel não é comentador, mas dirigente, candidato, porventura salvador.)
Ao menos no PSD não há problemas desses: Paulo Rangel, quando não gostou do que Manuela disse, vem a público interpretá-la (dizer que Manuela o que queria dizer era isto e não aquilo). Assim, nunca há mais do que uma opinião nesse partido. Oficiosamente, claro.

algumas das minhas impressões




Impressão AcidentalImpressão Ocidental






13.5.09

umas verdades sobre a redução dos salários


Convém ler João Ferreira do Amaral, no Económico:
«Face ao aumento brutal da dívida externa portuguesa, já não é a primeira vez que surgem vozes a advogar a descida dos salários nominais como forma de fazer a nossa economia ganhar de novo competitividade e poder vir a reentrar num caminho de crescimento sustentável do ponto de vista da balança de pagamentos. [...] Considero que a descida dos salários nominais, mesmo que fosse legalmente possível, seria uma má solução. Não só porque não resolveria o problema do desequilíbrio externo como porque iria provavelmente criar ou agravar outros desequilíbrios já existentes.»

Ler o argumento na íntegra aqui. Útil por causa dos sofismas.

A pista veio pelo Câmara Corporativa. O que se agradece.

vamos lá voltar a discutir quais são os "sectores estratégicos"


Governo compra companhia de seguros de crédito à exportação. A medida era reclamada pelas associações empresariais que se queixavam de que a actividade exportadora portuguesa estava a ser condicionada pelo facto das seguradoras de crédito à exportação colocarem muitos entraves para avalizarem as vendas ao estrangeiro.



AEP defende renacionalização de uma seguradora de crédito para salvar as exportações.


Bom, está na hora de começar a discutir os sectores estratégicos que devem estar em "mãos públicas". Caso contrário, qualquer dia nacionaliza-se a loja de quem conseguir berrar suficientemente alto.

Nota 1. Isto não é, só por si, uma crítica à iniciativa do governo. Às vezes a aflição ajuda a improvisar, coisa que dizem que os portugueses até fazem bem. Mas vai sendo tempo de pensar as coisas mais globalmente.

Nota 2. O jornal do sr. Fernandes não distingue entre "o Estado comprar" e "o governo comprar". Como diz que o governo é que vai comprar, devia dizer com quantos por cento fica cada ministro e secretário de estado.


pensar é uma coisa tramada


Nas ruas de Lisboa.
(Foto: disparo e manipulação digital de Porfírio Silva.)

ai não?!




13 de Maio, em Fátima. “A peregrinação não é uma varinha mágica que soluciona todos os problemas”, avisa o bispo de Leiria-Fátima.

Ainda bem que avisa. (Mas era melhor terem avisado antes dos peregrinos se porem a caminho. Talvez alguns preferissem poupar o esforço.)

Agora a sério: respeito as religiões quando elas respeitam os não crentes; mas detesto a exploração da crendice e a promoção do culto do mágico.


uma democracia parlamentar madura...


...era algo que eu gostaria muito que tivéssemos por cá. Por exemplo, onde fosse possível discutir os problemas e as soluções abertamente, nomeadamente no Parlamento, sem que a primeira e quase única preocupação dos partidos fosse exibir uma unanimidade de ferro no seio dos seus grupos parlamentares. É assim tão esquisito que haja diferentes opiniões acerca da melhor forma de atingir determinados objectivos? Não pode até ser bom que diversos deputados exponham publicamente as suas posições, para estimular o debate público e os deputados poderem ouvir esse debate? Será que os grupos parlamentares não são suficientemente maduros para poderem depois raciocinar sobre todos os contributos e chegar a uma conclusão?
Será que se pensa que o "povão" quer mesmo partidos monolíticos? Eu, pela minha parte, acho até um pouco esquisito que se dê a ideia de que já está tudo discutido... quando começa a discussão.
Nessa democracia representativa mais aberta poderia até haver lugar para uma razoável liberdade de voto dos deputados, sem drama nem tragédia. Digo eu.

PS votou a favor de proposta do BE sobre sigilo bancário contra vontade das finanças.


outubro




Hoje, a 13 de Maio, comecei a fazer aparições em Outubro.


12.5.09

comunicado aos corajosos anónimos


Há uns quantos comentadores anónimos que continuam a investir muito esforço em vir aqui deixar insultos e prometer muita pancada. Como em geral parecem ser moços com mais músculo no braço (ou na língua) do que neurónios, quero recordar-lhes as vantagens de os comentários serem moderados. As vantagens são as seguintes: primeiro, eu continuo a ser informado da indigência mental que anda à solta; segundo, esses corajosos anónimos continuarão a não poder exibir a sua cobardia aos leitores deste blogue. Ah, e quando crescerem e quiserem mostrar que já são adultos, é simples: identifiquem-se em boa ordem, para ficarmos a saber que ultrapassaram a fase do jardim-escola. É que eu até tenho pena de vossas mercês, mas o vosso anonimato não me permite saber para onde enviar o socorro.

vampirismo


Paulo Portas critica discurso da esquerda sobre bairro da Bela Vista.


Um senhor capaz de dizer qualquer coisa que lhe pareça render votos. Será que o seu escrevinhador de discursos é aquele cidadão que dava dinheiro para o partido, um tal Jacinto Leite Capelo Rego? (Ah, desculpem: já me esquecia que isso está esquecido.)


fobias. ou não.


A adesão turca à União Europeia, com o “apoio total” de Portugal, está a marcar a visita de Cavaco Silva à Turquia.


O comboio da Turquia avança. A locomotiva é a burocracia europeia: certos processos, postos a andar, e a partir do momento em que exércitos de zelosos funcionários se esforçam todos os dias para os fazer avançar, dificilmente são parados. Só que, infelizmente, a UE não pode conter dentro de si todo o mundo. E talvez a Turquia não faça mesmo parte das "tradições constitucionais comuns" que são o fundamento legitimador da UE. Mas parece politicamente incorrecto dizer-se isto. E os que dizemos isto somos, usualmente, classificados imediatamente de qualquer-coisa-fobos. E a locomotiva avança. Se o avanço for ladeira abaixo - será difícil pará-la.


deve ser cooperação estratégica


Sevinate Pinto, consultor do PR para o mundo rural, ataca Jaime Silva.

Mais um consultor de Cavaco que ataca violentamente o governo na "sua área": a área em que aconselha o PR e a área em que foi anteriormente ministro da república. Fazem-no para mostrar como funciona a cooperação estratégica ou para defenderem a partir de Belém as orientações políticas que eram as suas enquanto governantes, as quais, naturalmente, não são as mesmas com outra maioria e outro governo?
Ou, neste caso, será por, há alguns anitos já, Jaime Silva ter declinado continuar como chefe da equipa da agricultura na Representação Permanente de Portugal junto da UE, quando Sevinate Pinto era ministro da pasta, forma que Jaime Silva na altura encontrou para não continuar a pactuar com a estratégia completamente errada e condenada ao fracasso que Sevinate estava a seguir na relação com a União?
É lamentável que o Palácio de Belém, o quartel-general do grande timoneiro, sirva de abrigo às pequenas vinganças pessoais de pessoal político que não fez história enquanto teve o leme na mão.


11.5.09

alegre vital


Alegre aconselha Vital a manter-se à margem da vida interna do PS. Cabeça-de-lista às europeias deve preocupar-se com a campanha, diz deputado.

Estou espantado. Alegre é tanto a favor da abertura dos partidos, e do fim da exclusividade dos partidos, e da participação cidadã, e de que os "cidadãos" possam fazer tudo o que está reservado aos partidos - mas, quando lhe convém, "manda calar" o cidadão Vital Moreira, que "por acaso" até é candidato do seu partido. Alegre quer Vital "à margem". Parece que Alegre, além de fazer o que bem lhe apetece, sem nunca achar que deva dar cavaco ao colectivo, ainda quer ser dono da voz dos "companheiros de caminho" do PS - para os mandar calar. Se ao menos se tivesse lembrado de dizer, publicamente, alguma coisa de relevante quando Vital, candidato do seu partido, foi agredido na praça público por razões políticas...

alguém anda a atear fogos em copos de água


Rogério Moreira, do BE, escreve sobre a questão do financiamento dos partidos:

«Nada do que é fundamental para garantir transparência e seriedade nas contas mudou. Nem os donativos anónimos passaram a ser permitidos. Nem as empresas passaram a poder financiar os partidos. Nem a regra que impede o anonimato foi alterada. Nem os limites aos donativos de particulares foram aumentados. Nem a obrigatoriedade do mecanismo bancário para a recolha de donativos. Nem o modelo de apresentação de contas e de fiscalização detalhada pela entidade competente teve alterações.»

«Até agora bastava que, por exemplo, pouco mais de 1000 aderentes do Bloco pagassem a sua quota anual em numerário para se ultrapassar os irreais limites da lei. Bastavam os pagamentos de 10 ou 15 euros em iniciativas com jantares ou almoços, como as que habitualmente realizamos, serem feitos em dinheiro, para que uma multa fosse aplicada. Já para não falar do ridículo que era obrigar a que o pagamento de uma sandes ou de uma bebida tivesse de ser feito com cheque ou cartão bancário. É apenas nos casos de receitas deste tipo, de quotas e de angariações de fundos, sempre inferiores a 100 euros, que a legislação vem agora ampliar os plafonds e, assim, introduzir alguma sensatez. Sempre devidamente justificadas, contabilizadas e sujeitas a fiscalização, como aliás não podia deixar de ser. No caso das quotas, através da emissão dos respectivos recibos, com o nome e completa identificação do aderente; no caso das angariações de fundos e vendas de bens com os registos próprios que a Entidade das Contas sempre verifica, muitas das vezes com representantes seus no próprio local onde as acções decorrem.»

Se isto não é verdade, alguém que o desminta. Se tudo isto é verdade, anda para aí muita gente a dizer disparates. Porque gostam de falar mal dos partidos. Apesar de não conhecermos hoje em dia nenhuma democracia que funcione sem partidos.

Ferreira Leite disponível para ajustar lei do financiamento dos partidos.

(O texto de Rogério Moreira está na íntegra aqui.)

se eu vi e tomei as imagens destas nuvens...



... de certo não me estará vedado apreciar o surgir daqueles raios de sol, em feixes bem desenhados, que lembram os quadros ingénuos em que se representa o Espírito Santo como pura luz.



(Clicar amplia.)

7.5.09

o declive da colina


«O ano passado, vários investigadores estudaram 34 alunos da Universidade da Virgínia levando-os para o sopé de uma colina inclinada. Aí foi-lhes pedido que calculassem o declive da colina. As estimativas dos alunos que estavam acompanhados por amigos indicavam declives menos acentuados. E quanto mais antigos eram os amigos menos inclinada parecia a colina.»

(Último parágrafo do último texto da última página do primeiro número do novo quotidiano i. Encontra-se também aqui.)

6.5.09

o cravo e a ferradura


AEP defende renacionalização de uma seguradora de crédito para salvar as exportações.


Estes empreendedores terão a noção das implicações lógicas das propostas que fazem agora? Ou pensam que podem continuar a citar a senhora Thatcher ao mesmo tempo que defendem que, sem a intervenção do Estado, a economia se afunda ?


para que serve o Parlamento Europeu?


Hoje, o Parlamento Europeu (PE) toma posição sobre uma proposta de directiva "relativa à implementação de medidas destinadas a promover a melhoria da segurança e da saúde das trabalhadoras grávidas, puérperas ou lactantes no trabalho". Estando essa proposta de directiva enquadrada pelo mecanismo de co-decisão, o PE terá um papel decisivo no seu conteúdo final.
Para esta proposta, a relatora principal, por parte da Comissão dos Direitos da Mulher e da Igualdade dos Géneros do PE, é a socialista portuguesa Edite Estrela. Estes relatórios são o instrumento básico do PE para influenciar a legislação comunitária. Assim, Edite Estrela aproveitou para fazer com que aquela comissão parlamentar propusesse, para todo o espaço da UE, o alargamento da licença de maternidade para pelo menos 20 semanas consecutivas antes e/ou após o parto, com a manutenção da integralidade da remuneração, bem como a obrigatoriedade da licença de paternidade passar para duas semanas. É hoje o dia de o plenário do PE se pronunciar sobre essas propostas. (Relatório na íntegra aqui.)
Estas propostas vão num sentido muito necessário, tanto do ponto de vista da promoção da natalidade como do ponto de vista do aprofundamento dos direitos dos trabalhadores, até no que toca à conciliação entre vida profissional e vida familiar.
Contudo, estas propostas estão condenadas, pelo menos para já, porque contra elas está a direita europeia, nomeadamente o PPE, o mesmo partido que apoia Barroso para presidente da Comissão.
Ainda há quem diga que é indiferente votar esquerda ou direita para o Parlamento Europeu...




à procura de grão vasco

O fim de semana passado começou cedo, mesmo antes do prolongamento justificado pelo Dia do Trabalhador.
Rumámos a alguns dos locais do país onde, fora de Lisboa, melhor se podem apreciar vestígios da obra de Grão Vasco, o grande Vasco Fernandes, que pintou no Portugal de Quinhentos, de forma notável, principalmente ali para os lados de Viseu e Lamego. Mas incluímos outros prazeres no roteiro.

É em Viseu que está, no Museu Grão Vasco, o maior lote de obras notáveis de Grão Vasco.


Sé de Viseu.


Claustros da Sé de Viseu. (Foto de M.Marques.)


Contudo, a verdade é que começámos por S. João de Tarouca, perto de Lamego, onde terá sido a primeira implantação da Ordem de Cister no nosso país, ainda no século XII. Ainda há sinais do que terá sido a grandiosidade do espaço, apesar de só se encontrarem em (relativamente) bom estado de recuperação a igreja e a torre sineira.




Aqui, na igreja, tivemos a oportunidade de ver o S. Pedro, que parece ser hoje mais ou menos unanimemente atribuído a Gaspar Vaz, da escola de Grão Vasco, mas não à mão do próprio mestre. Tem o interesse de apresentar um claro paralelismo com a grande obra homónima de Grão Vasco (foto seguinte).




Trata-se de uma igreja muito interessante. Por exemplo, a capela-mor está preenchida com painéis de azulejos representando cenas históricas (ou assim consideradas). Um desses painéis representa o lançamento da primeira pedra do mosteiro na presença de D. Afonso Henriques (foto seguinte).




Os azulejos, do século XVIII, revelam detalhes curiosos. Por exemplo, um participante de óculos, que não parece que fossem muito usados no tempo de D. Afonso Henriques (foto seguinte).




Passámos depois por Salzedas, e respectivo Mosteiro de Santa Maria, que datará também do século XII, tendo sido construído em espaço provavelmente doado pela mulher de Egas Moniz. Sofreu sucessivas ampliações e restauros, mas está presentemente num estado pouco louvável (fachada na foto seguinte).




Ainda em Salzedas visitam-se os supostos vestígios da judiaria, que na verdade não me convenceram muito (foto seguinte).




No sábado à tarde, depois de visitar o magnífico Museu de Lamego só para ver mais alguns painéis de Grão Vasco, fomos de fugida ao Porto, Casa da Música, ouvir (e ver) a primeira execução em Portugal da obra Gruppen, de Karlheinz Stockhausen, que envolve uma orquestra reforçada dividida em três secções, dirigidas por maestros diferentes e colocadas em posições diferentes (com o público algures no meio). Um pouco menos de 25 minutos, integrados na 3ª edição do Música e Revolução, que valeram a pena. A visita foi ensejo para rever amigos, que ainda nos levaram ao Museu Soares dos Reis, exclusivamente para uma visita à exposição "Esperando o Sucesso": impasse académico e modernismo", sobre Henrique Pousão, em torno da sua pintura Esperando o Sucesso, realizada em Roma em 1882, na qual se representa o tradicional tema do descanso do modelo no atelier do artista. Não obstante, do que vi de Pousão gostei especialmente de uma obra que não estava nessa exposição: Rapariga Deitada num Tronco de Árvore (1883, inacabada, por morte do artista aos 25 anos).



Henrique Pousão,
Rapariga Deitada num Tronco de Árvore, 1883 (inacabada), Museu Nacional de Soares dos Reis


A caminho do Porto, ali entre Peso da Régua e Amarante, fomos confrontados com magníficas cores da natureza nas serras. Cores que talvez resultem de terrenos excepcionalmente ferrosos (alguém nos corrige?).




Ainda queríamos passar pela sacristia da Igreja de Santa Cruz em Coimbra, para ver um Pentecostes que Grão Vasco aí pintou por volta de 1535. Mas a igreja tinha fechado e não ía reabrir, graças à Queima das Fitas que começava nesse domingo. Pena, porque estava com vontade de revisitar, não apenas a sacristia, mas também os claustros de Santa Cruz, onde brinquei livremente (e sem pagar bilhete, como agora) nos meus tempos de menino. Fica para outra vez.

E, para não terminar sem um toque das paisagens estranhas que por aí andam, fechamos com uma montra de Viseu à noite.





Em torno de Grão Vasco, sem dele nada vos mostrar directamente. Mas basta googlar...