Quem quiser compreender para que servem as permanentes campanhas de poluição do debate público nacional com questões menores e laterais, a desviar os escassos recursos cívicos que deviam ser consagrados ao debate sério e profundo das verdadeiras encruzilhadas que este país à beira mar plantado tem de enfrentar, deve ler Teodora Cardoso. Neste caso, na sua coluna no Jornal de Negócios, edição de 3-07-07, sob o título "Confiança", de que destacamos apenas isto:
«Os portugueses são desconfiados. Desconfiam dos estrangeiros e desconfiam uns dos outros. O Norte desconfia do Sul e o Sul do Norte (para não falar da Madeira). Os patrões desconfiam dos empregados e os empregados desconfiam dos patrões.
Mas, pior que tudo isso, os portugueses desconfiam de si mesmos e esperam secretamente que um benfeitor ou um político providencial lhes resolva os problemas sem lhes pedir esforço, iniciativa e sobretudo sem os obrigar a assumir riscos.(...)
Como todas as generalizações apressadas esta é profundamente injusta, mas tem também um fundo de verdade que todos reconhecemos. O que a torna relevante na situação actual é o facto de estarmos a assistir a um ataque sistemático à pouca confiança que nos caracteriza, o que tem por resultado natural reduzir ainda mais o diminuto "capital social" de que dispomos. A expressão "capital social" é aqui usada na acepção que lhe dá Robert Putnam, em especial num livro que devia ser de leitura obrigatória para os políticos portugueses: Making Democracy Work. Civic Traditions in Modern Italy.»
«Os portugueses são desconfiados. Desconfiam dos estrangeiros e desconfiam uns dos outros. O Norte desconfia do Sul e o Sul do Norte (para não falar da Madeira). Os patrões desconfiam dos empregados e os empregados desconfiam dos patrões.
Mas, pior que tudo isso, os portugueses desconfiam de si mesmos e esperam secretamente que um benfeitor ou um político providencial lhes resolva os problemas sem lhes pedir esforço, iniciativa e sobretudo sem os obrigar a assumir riscos.(...)
Como todas as generalizações apressadas esta é profundamente injusta, mas tem também um fundo de verdade que todos reconhecemos. O que a torna relevante na situação actual é o facto de estarmos a assistir a um ataque sistemático à pouca confiança que nos caracteriza, o que tem por resultado natural reduzir ainda mais o diminuto "capital social" de que dispomos. A expressão "capital social" é aqui usada na acepção que lhe dá Robert Putnam, em especial num livro que devia ser de leitura obrigatória para os políticos portugueses: Making Democracy Work. Civic Traditions in Modern Italy.»
A falta de confiança paralisa. Por isso ela é fomentada por tantos, à custa dos verdadeiros debates sobre as reais questões.