26.4.07

Visões da Europa (7)

Por ocasião dos 50 anos da assinatura dos Tratados de Roma (1957-2007), temos vindo a divulgar uma série de cartoons mostrando visões desta Europa.
Concluímos, hoje, com um trabalho da autoria de Omar Perez (Argentina) e outro (logo abaixo) da autoria de Omar Zevallos Velarde (Perú).
Pode ver-se, pelas ópticas humoristas que aqui registámos, que o mundo nos vê muitas vezes com algum sarcasmo. Mas talvez também com alguma inveja, não? É que há razões para isso. ("Isso" quer dizer: tanto a inveja como o sarcasmo.)



25.4.07

Visões da Europa (6)

Por ocasião dos 50 anos da assinatura dos Tratados de Roma (1957-2007), continuamos a série de cartoons mostrando visões desta Europa.
Hoje temos (primeiro) um trabalho da autoria de Hasan Fazlic (Bósnia Herzegovina) e (logo abaixo) outro da autoria de Luís Afonso (Portugal).



24.4.07

Visões da Europa (5)

Por ocasião dos 50 anos da assinatura dos Tratados de Roma (1957-2007), continuamos a série de cartoons mostrando visões desta Europa.
Hoje temos (primeiro) um trabalho da autoria de Cristian Mihailescu (Roménia) e (logo abaixo) outro da autoria de Farhad Foroutanian (Holanda).



23.4.07

Visões da Europa (4)

Por ocasião dos 50 anos da assinatura dos Tratados de Roma (1957-2007), continuamos a série de cartoons mostrando visões desta Europa.
Hoje temos (primeiro) um trabalho da autoria de Alex Falcó Chan (Cuba) e (logo abaixo) outro da autoria de Brito (França).



20.4.07

Visões da Europa (3)

Por ocasião dos 50 anos da assinatura dos Tratados de Roma (1957-2007), continuamos a série de cartoons mostrando visões desta Europa.
Hoje temos dois trabalhos da autoria de Anatoliy Stankulov (Bulgária).



19.4.07

Visões da Europa (2)

Por ocasião dos 50 anos da assinatura dos Tratados de Roma (1957-2007), continuamos a série de cartoons mostrando visões desta Europa.
Hoje temos dois trabalhos de autores russos: Vasily Alexandrov (acima) e Oleg Loktyev (abaixo).



18.4.07

Visões da Europa (1)


Por ocasião dos 50 anos da assinatura dos Tratados de Roma (1957-2007), que fizeram nascer o que hoje é a União Europeia, o Gabinete em Portugal do Parlamento Europeu publicou uma obra bastante curiosa. Tem por título :) Europa (pode ler-se "smiling Europa") e consiste numa muito interessante colecção de cartoons dedicados à CEE/União Europeia, anteriormente publicados na imprensa de muitos países por esse mundo fora. Inspirados nessa iniciativa vamos, nos próximos dias, divulgar aqui alguns cartoons que ou foram inseridos nesse magnífico pequeno livro ou poderiam tê-lo sido.

A Europa precisa de humor, mesmo que seja crítico e até cáustico. E quem não percebe isso não percebe que nós não somos a Rússia nem a China nem...
O cartoon de hoje é da autoria de Hilar Mets (Estónia).


17.4.07

Jaime Durão Gama Barroso

Na semana passada o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, foi recebido na Assembleia da nossa República (AR). Na sala do senado, perante uma reunião conjunta das comissões parlamentares. Houve discursos e coisas que tais.

Parece, segundo a rádio, que o presidente da AR, Jaime Gama, manifestou nessa ocasião esperança ou desejo de que José Manuel Barroso tenha um segundo mandato à frente da Comissão Europeia.

Ora, conhecendo a conjugação das regras e das práticas institucionais da União, isso significa que Gama deseja que a direita vença as próximas eleições para o Parlamento Europeu. Foi essa direita europeia que escolheu Durão para o lugar, como politicamente lhe competia por ter ganho as eleições europeia. Então, sendo Gama, hoje em dia, a segunda figura do Estado, onde chegou porque o Partido Socialista o colocou lá (uma vez que nunca ganhou nenhuma grande eleição nacional pelo seu próprio pé), fica a dúvida: porque razão o Dr. Gama deseja a vitória dos adversários políticos do seu partido e da sua "família política" nas eleições europeias?

Alguns dirão: é por ser português. A meu ver essa é uma visão muito estreita da política europeia. Uma visão com uma entorse "nacional". O que interessa é a valia do personagem e o que ele anda a fazer. A candidata socialista à presidência da república francesa, por exemplo, ainda agora voltou a criticar a visão meramente liberal que Barroso tem para a Europa. Ou será mesmo disso que Gama gosta em Durão?

Na última vez que a questão se colocou, quando se tratava de escolher o presidente da Comissão Europeia agora em funções, Portugal tinha um candidato "oficial" a presidente (o então, aliás excelente, Comissário António Vitorino) e o então primeiro-ministro de Portugal (Barroso) fazia de conta que apoiava esse candidato e andava a fazer-lhe a cama, porque desejava o lugar para si. Num certo sentido tinha razão, porque, se as eleições europeias não servissem para influenciar os lugares e as políticas europeias, não valia a pena irmos a votos. O que não se percebe é que, agora, sejam (certos) socialistas a "desejar" a vitória dos apoiantes de Barroso por essa Europa fora.


16.4.07

Comentário a qualquer coisa que nem sei bem se diga

«A Psicologia é uma Superzoologia. Enquanto não for assim considerada e estudada, será apenas uma colecção de palavras gregas, vocábulos mortos de um valor misterioso (…). Lembranças, ideias, sentimentos, existem, como pessoas, no seu ambiente próprio. Formam uma espécie de sociedade teocrática ou presidida por um deus egoísta. Anima-a o instinto conservador; e é ela que determina os nossos actos. Somos escravos duas vezes: da sociedade que em nós vive e da outra em que vivemos.»

Teixeira de Pascoaes, Duplo Passeio (1942)



(Ilustração de Tiago Manuel, publicada com a coluna Boca de Incêndio, de João Paulo Cotrim, na Actual/Expresso de 24 de Junho de 2006)

10.4.07

Espíritos à solta

Espíritos à solta na serra, nas margens do rio, nos altos miradouros, entre os socalcos que se desenham agora para mais tarde suportarem as vinhas. Gente no meio dos espíritos, um outro país, as igrejas fechadas porque as roubam, a simplicidade de estar longe da turba, a fé na ressurreição, a pensar como se celebra um dia em que o deus (ou pelo menos o seu filho feito homem) está morto. Um dia e meio por ano os cristãos têm morto o seu deus, o seu redentor, e sobrevivem. Nós sobrevivemos porque andamos enlaçados e disso temos sinais, como encontrar amigos de longe à porta do museu de Amadeo sem qualquer combinação amarantina.(Pensamentos de uma páscoa no Douro.)


(Entrada no Solar da Rede, Santa Cristina, Mesão Frio. Foto de Porfírio Silva.)

3.4.07

O concreto e o abstracto

Penso que a questão do concreto (vs. abstracto) é uma questão central na responsabilidade que temos em relação aos outros: os outros na sua concretude e não "os outros" como representação de um qualquer "todo" (sociedade, Deus, utopia, ...). É aí que está a imoralidade de certas formas de viver as ideologias.


Para tentar explicitar, socorro-me de Thomas De Koninck, de quem, na introdução a A Nova Ignorância e o problema da cultura (Edições 70), respigo algumas frases.

«O que é novo [na ignorância] é o espírito de abstracção (...). [D]evemos [nessa matéria] acusar a falha central da cultura moderna: o erro de tomar o abstracto pelo concreto, a que Whitehead chamava, com razão, "o sofisma do concreto mal colocado" (...). Concreto (de concrescere, "crescer conjuntamente") significa "o que se formou juntamente". Nesse sentido, uma árvore, ou qualquer outro ser vivo, é propriamente concreta, ao passo que um relógio ou qualquer outro artefacto o não é, já que as suas partes foram juntas por um agente externo e são indiferentes umas às outras (...). [T]odas as disciplinas têm a revelar algum aspecto indispensável do ser humano, mas cada uma delas, ao fazê-lo, só apresenta uma parte ínfima dele. Entretanto, acreditar-se-á que ao somar todos estes aspectos, todas estas partes, se pode obter um todo que, por fim, seja o próprio ser humano? Isso significaria não ter percebido nada e, além disso, seria uma magnífica ilustração da nova ignorância . (...) As antropologias científica, filosófica e teológica "manifestam uma total indiferença recíproca" [Scheler]. (...) Falta a unidade, que só pode ser dada pelo concreto. (...) O espírito de abstracção, porém, continua a reinar tanto na ordem prática como no plano teórico. Esquecendo, ou ocultando deliberadamente, as omissões metódicas que ele torna possíveis, comete devastações no agir individual e colectivo.»

2.4.07

Receita para Relógio de pulso com Mostarda (produto pluridisciplinar mítico).


1. Tome-se um relógio de pulso perfeitamente clássico. Acrescente-se mostarda. Em caso de um ataque de fome, o novo produto é indiscutivelmente muito mais útil do que o produto clássico. Trata-se de uma inovação. As mentes esclarecidas dar-se-ão imediatamente conta da sua valia, com base na adesão ao princípio geral da superioridade intrínseca das inovações. Contudo, dada a raridade crescente dessas mentes esclarecidas, deve prever-se um processo de demonstração da superioridade desta inovação particular em concreto (método delineado nos pontos seguintes).




À esquerda: Relógio de pulso clássico.
À direita: Relógio de pulso com mostarda.




2. Constrói-se um relógio de pulso com mostarda degenerado (isto é: sem mostarda). Torna-se trivialmente patente que mesmo o relógio de pulso com mostarda degenerado, apesar de não ser tão completo como o relógio de pulso com mostarda original, é tão útil para medir o tempo como um relógio de pulso clássico.





À esquerda, relógio de pulso com mostarda.
À direita, relógio de pulso com mostarda degenerado.



3. Considerando:
(a) que os novos relógios de pulso com mostarda são pelo menos tão bons como os relógios de pulso clássicos a fazer a única coisa que fazem os relógios de pulso clássicos (medir o tempo);
(b) que os novos relógios de pulso com mostarda têm uma valência completamente ausente nos relógios de pulso clássicos (culinária);
deve concluir-se pela superioridade dos relógios com mostarda.


Anexo: Cuidados a ter com indivíduos pouco sensíveis à inovação.
Parte I - Se ao cozinheiro se fizer notar o ligeiro gosto metálico que tomou o condimento, responda-se que há que atender ao facto de que nunca antes a mostarda se vira assim associada à medição do tempo.
Parte II - Se ao relojoeiro alguém apontar que os ponteiros estão parados, faça-se ver quão notável contributo deu o pertinente cozinheiro à nouvelle cuisine.


(Publiquei este texto pela primeira vez no Turing Machine a 14/nov/03.)