17.7.14

os fundos europeus e a propaganda.



Escrevem os jornais que "o Governo português e a Comissão Europeia fecharam na tarde desta quarta-feira, em Bruxelas, o acordo de parceria sobre o novo quadro comunitário de apoio que vai vigorar até 2020, sucedendo ao actual Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN)". (O exemplo é do Público.)

As informações de que disponho (ainda sobrevivem alguns contactos do tempo em que trabalhei na máquina comunitária) é que isso é pura conversa política. A negociação não está fechada, está a decorrer (mais do que a correr); há ainda elementos que o governo português tem de transmitir à Comissão Europeia antes de que o acordo esteja fechado (antes de que a Comissão dê o seu OK).

Claro que, quando os interlocutores são políticos portugueses da mesma "família política" (neste caso, a família laranja) sentados em diferentes cadeiras rotativas, tanto do lado português como do lado da Comissão, é possível criar estas conversas para dar títulos de jornal convenientes. Mas, apesar do empenho dos sequazes de Durão Barroso para fazer à função pública europeia o que fizeram à função pública portuguesa, ainda não é fácil meter os serviços da Comissão a marchar à voz do ex-primeiro-ministro de Portugal mais conhecido por estar sempre num emprego à procura do emprego seguinte. Os procedimentos são os procedimentos. E não há acordo antes de estar tudo esclarecido. Neste caso, se o governo português fizer o seu trabalho de casa, talvez o processo esteja fechado lá para Setembro.

Francamente, não percebo porque é que eu posso fazer uns telefonemas para Bruxelas a fazer umas perguntas de verificação, a mim que ninguém me paga para isso - e os jornalistas se limitam a ouvir e a reproduzir aquilo que o governo quer que se diga num dado momento, por conveniência de calendário.