10.6.14

o PSD no confessionário de Teresa Leal Coelho.


(recorte roubado à Shyznogud)


A fábula do Orçamento que caminhava despreocupadamente pela floresta e foi apanhado pelo Lobo Mau (o Tribunal Constitucional), costumava ser contada embrulhada na seguinte moral: a culpa é dos juízes do Constitucional que agem motivados politicamente. Diga-se: motivados politicamente contra este governo. Como a maior parte das pessoas não sabem que a distribuição de votos no TC desmente completamente essa leitura - porque não se encontra nenhuma correlação estável entre quem indicou qual juíz e a forma como eles votam - , o argumento tendia a captar a atenção de alguns. A maioria de direita fazia de conta que queria juízes que pensassem juridicamente, em vez de pensarem politicamente. Embora estivesse à vista de todos que a mesma direita faz imensa pressão política - mais do que jurídica - para tentar condicionar os juízes. Na nuvem de fumo que se tornou a política nacional, ajudada por aqueles "comentadores" e "jornalistas" que acham uma trabalheira fazerem a sua própria análise dos acontecimentos em lugar de comerem e vomitarem a pastilha mais à mão, esta narrativa sobrevivia.
Teresa Leal Coelho vem dar novas cartas para o jogo. Afinal, a direita queria era juízes que pensassem politicamente - não juridicamente; politicamente, mas com o enviesamento que o seu partido recomenda. Há uma coisa que é "a visão reformista de Portugal", o seu partido acha que é o oráculo na Terra desse deus, eles escolheram gente que serviria esse deus... e, afinal, essa expectativa de que os juízes fariam o possível para servir a tal "visão", gorou-se. Eles queriam juízes políticos e o esquema não resultou.
É importante perceber isto. Porque representa uma viragem na narrativa. Porque pode indiciar que a direita quer mudar a natureza do TC, acabando com essa bizarria de os juízes raciocinarem juridicamente e não partidariamente.