13.2.14

Capucho, mais um beato instantâneo.

Fazer de conta que a expulsão de Capucho é um especial requinte de malvadez desta direcção do PSD é não perceber nada dos podres dos partidos políticos na função de servidores da democracia (que têm o dever de ser).
É esquecer que todos os partidos convivem mal com a diversidade (até o "jovem" BE), esquecer que há (por vezes, não sempre) uma infeliz dissociação entre militância partidária e participação cívica.
Mas também é esquecer que muitas "personalidades", embora militantes de partidos, fazem tudo o que podem para ignorar o colectivo e promover-se à custa da imagem heróica do bravo dissidente. António Capucho não se limitou a candidatar-se contra o PSD, também andou pelo país (numas eleições locais) a apoiar diversas frentes de ataque ao seu partido. Parece que programou a expulsão, que talvez julgue que lhe rende (pela forma como reagiu, parece que está contente com os juros). Também há (e aqui falo por um partido que conheço melhor) certas "personalidades" que nunca aparecem às reuniões dos órgãos partidários a dar as suas opiniões, mas depois facilmente se promovem como "vozes livres". Ora, a democracia não pode fazer-se só de "figurões" isolados que se julgam magníficos e desprovidos de quaisquer deveres face aos seus colectivos. Para a política não ser uma feira de vaidades (apenas), os colectivos têm de ser mais democráticos e mais plurais, mas o protagonismo individual não pode ser tudo.
Dito isto, claro que me preocupa a rigidez interna dos partidos políticos.
Dito isto, claro que me preocupa o espírito de rebanho.
Dito isto, julgo que se os partidos não mudam, morrerão arrastando a democracia com eles.