1.11.13

e a Alemanha aqui tão perto.


Uma certa esquerda, por estes dias, detesta a Alemanha. Nem é preciso chegar ao ridículo (perigoso) de comparar Merkel com Hitler, como já fizeram alguns menos cientes do que foi o nazismo e mais irresponsáveis quanto à caricatura das divergências. Para detestar a Alemanha, hoje, basta confundir os erros políticos da actual governação alemã (que os há) com a Alemanha propriamente dita.

Uma certa direita, por estes dias, endeusa a Alemanha - como se "o Norte" fosse um poço de virtudes e a luz do mundo, quando, em larga medida, apenas tira proveito de regras que servem quem é grande e tramam quem é pequeno e fácil de abanar. A Alemanha e a França foram dos primeiros Estados-Membros a violar o Pacto de Estabilidade e Crescimento e usaram o seu peso para obrigar os demais a fazer de conta que "no pasa nada". Coisa que outros não poderiam sequer tentar.

Pelo meu lado, julgo que seria preferível tentar perceber algumas das coisas que fazem grande a Alemanha.
Para o lado da direita sugiro, por exemplo, que ponham bem os olhos no rigoroso respeito que na Alemanha se tem pelas instituições, a começar pela Constituição e pelo Tribunal que lhe dá as leituras operantes.
Para o lado da esquerda sugiro, por exemplo, que se procure aprender com a função da concertação social séria e permanente e com o papel activo dos parceiros sociais, a todos os níveis. A começar pelo nível da empresa. E devemos perguntar, por exemplo ao PS, porque não arrisca um pouco mais para propor mecanismos mais efectivos para envolver os trabalhadores na vida das unidades económicas onde laboram. Será medo da co-gestão? Acharão a coisa demasiado à esquerda? A vantagem é que nem seria preciso fazer excursões à Alemanha para saber como funciona: poderiam, simplesmente, fazer uma visita de estudo, por exemplo, à Autoeuropa e já teriam um bom começo para reflexão.

Ou será que vamos sair "disto" só repetindo as mesmas palavras de ordem de sempre?!