6.2.13

Franquelim Alves está a ser linchado?


Álvaro Santos Pereira critica a “tentativa de linchamento público” de que o ex-gestor da SLN está a ser alvo.

Pode ser que Franquelim Alves não tenha feito nada de errado quando andou perto do esturro do polvo BPN. Pode ser que Franquelim Alves apenas tenha tido o azar de cair num antro de malfeitores e não tenha visto tudo o que havia a ver a tempo e horas. É perfeitamente admissível que Franquelim Alves seja honestíssimo e tenha sido tão diligente como se podia ter sido naquele caso: não tenho a pretensão de o julgar, contrariamente aos que julgam sempre que seriam mais clarividentes, mais expeditos, mais honestos se estivessem na mesma situação. Frequentemente, quem acha que veria melhor do que o outro em tais situações é, apenas, por não fazer ideia nenhuma do que são essas situações. Está cheio dessa presunção generalizada este país.
Mas a questão não é essa. Ser governante não é mais um passo na carreira profissional. Não é um direito deste ou daquele. Deve ser, isso sim, um serviço ao país. Prestado apenas em função do critério do interesse nacional. E serve mal ao país que se leve para o governo alguém que arrasta consigo a convivência com malfeitores, ainda por cima com malfeitores que andam por aí e que por sua vez convivem alegremente com o poder, sem que haja indícios, perceptíveis pela opinião pública, de que a justiça esteja a chegar a algum lado quanto a perceber e explicar o que se passou. Pagará o inocente Franquelim por causa desta justiça que não ata nem desata? Pois, talvez; mas governar não é um emprego a que alguém tenha direito. Governar não se pode tornar indiferente às circunstâncias que sugiram ao povo que estão a meter a raposa no galinheiro. Ou pelo menos quem tenha pouco faro para detectar raposas no galinheiro.
Quem optou por esconder, no currículo inicialmente divulgado de nóvel secretário de estado, a alínea que o ligava ao BPN, estava consciente disto. Evitam agora de se fazerem de novas e gritarem aqui d'El Rei que estão a linchar o homem. O que está a linchar o homem é o sentimento de que esta classe dirigente é demasiado tolerante ao intolerável.