22.9.12

Um governo infantilizado.


Passos Coelho foi ao Palácio de Belém para lhe explicarem, em substância, o seguinte: a TSU tem de ser atirada para o lixo, porque insultar as pessoas pode dar péssimo resultado; quando o governo tiver de fazer novas punções aos meios de vida dos portugueses, deve tratar primeiro de negociar com os parceiros sociais e outras forças que contam para definir condições mínimas de aplicação. Demoraram 8 horas nisto. Não sei o que demorou mais: ou os conselheiros a perceber por que PPC não tinha feito isso antes deste disparate, se PPC a perceber o que lhe estavam a dizer e a escrever no caderninho dos TPC o que lhe cabia da peça.

Como escrevi ontem, antes do encontro de Belém: «Se, pelo contrário, for o Presidente e o Conselho de Estado a conseguirem mudar o rumo da política anunciada, Passos Coelho terá sido a vítima de uma mudança de regime: o primeiro-ministro ficará reduzido, como em França, a um impedido do Presidente. O governo terá mudado de palácio e, nos próximos pacotes de medidas, o "povo" pedirá que o Conselho de Estado reúna de novo e volte a emendar a mão de PPC.»

Entretanto, o "efeito comunicacional" de tudo isto traduz-se em estarem, de novo, dominantes na rua e nas televisões as vozes que apregoam que tudo se resolve com a queda do governo, um governo de salvação nacional, novas eleições, mandar a troika embora, etc. etc. etc. Em suma: o "não pagamos" voltou a estar na moda. Voltaram as ilusões de que o dinheiro cai do céu; voltou o esquecimento do pequeno detalhe de que sem financiamento externo temos de fechar a loja.

O menino Pedro foi a casa dos avós levar um raspanete e apontar os trabalhos de casa. Infantilizado como chefe de governo, deitou fora a paciência dos que acreditam que Portugal não deve tornar-se um pária na cena internacional e deu folgo aos que são incapazes de pensar uma equação com mais do que uma variável.