21.6.12

premiar a mentira.


No caso das pressões do (ainda?!) ministro Relvas sobre o Público, a ERC não encontrou ilícitos, embora tenha visto comportamentos do ministro susceptíveis de reprovação nos planos ético e institucional. Mas isso a ERC deixa para outrém, não se sabe quem.
É notável que a ERC só tenha dado por provados os factos acerca dos quais as partes concordam que tiveram lugar, como afirma a directora do Público. Dito de outro modo: se assim foi, tudo aquilo que Miguel Relvas tenha feito, mas tenha dito que não fez, não havendo outro tipo de prova conclusiva, é dado como não provado. Aparentemente, a maioria dos membros da ERC renunciaram a um juízo de credibilidade das declarações dos vários intervenientes. Ora, como já se tornou evidente que Miguel Relvas tem usado a mentira para se furtar a um juízo cabal do seu comportamento, tendo até mentido ao Parlamento (em condições consideradas sob juramento), o método seguido pela ERC significa apenas isto: beneficiar o infractor. Aliás, a própria deliberação da ERC inclui a constatação do mentirismo de Relvas: o ministro mentiu repetidamente sobre circunstâncias factuais relevantes (sobre a insistência nos telefonemas para o jornal), tendo de ser desmentido por outras vias (registos de chamadas).
Sendo assim as coisas, a ERC premiou a mentira. Contudo, todo o país percebeu o que se passou. Todo o país menos o primeiro-ministro. Será que PPC também escolhe premiar a mentira?