30.5.12

se querem participar, vão para fora da sala bater nos vidros das janelas.


Nuno Crato foi dar uma aula a uma escola de Évora, ensinando a construir um relógio de sol (que classificou como o 'Magalhães' do antigamente !!!) e foi bem recebido, em seu entender.

Um aspecto desse bom acolhimento é assim descrito pelo "Sol": «A visita de Nuno Crato suscitou protestos de alguns alunos, concentrados à porta do estabelecimento, com cartazes. A essa altura, já o ministro estava no interior da escola e apenas ouviu protestos quando, a meio da aula com a turma envolvida na construção do relógio de sol, estudantes gritaram do lado de fora e bateram nas janelas.»

Ora, Nuno Crato, que já foi um cientista, mas aprendeu depressa a hipocrisia que muitos consideram (erradamente) intrínseca à política, explicou a coisa assim: «Nuno Crato (...) considerou "óptimo" o "acolhimento" dos alunos: "Vivemos em democracia e é bom que haja participação cívica, das mais diversas maneiras".»

O que Nuno Crato devia ter dito, a meu ver, é que bater às janelas durante uma aula não é uma forma de participação cívica, mas antes uma selvajaria.

Percebe-se, contudo, que a capacidade do ministro Crato para discernir o que é participação cívica e o que é selvajaria é uma sua capacidade que anda muito embotada por esta altura. É que aplaudir protestos que perturbam uma aula e, ao mesmo tempo, enxotar os estudantes da vida cívica própria da escola, como fez ao querer excluir os alunos dos conselhos pedagógicos, é realmente uma baralhada indigna de um ministro, especialmente quando é suposto ser ministro da educação.