20.12.11

pontuação.


Aos meus amigos, conhecidos e desconhecidos, que abominam os escritos (ou os escritores) que, em nome de valores estéticos que se levantam mais alto do que a obediência à norma (ou a uma norma), produzem textos onde as vírgulas e outros sinais são preteridos em favor do ritmo interior, da emoção, ou de um qualquer arremedo de realismo do subconsciente, dedico esta referência. Encontro-a em Maria Leonor Carvalhão Buescu, na obra Gramáticos Portugueses do Século XVI. Segundo a insigne senhora, Isidoro de Sevilha, no Livro das Sentenças, teria ensinado, aos que tinham por obrigação, ou até ofício, compreender o que se escrevia, que deviam, antes de mais nada,
«conhecer satisfatoriamente a gramática para compreender, sem o auxílio da pontuação, onde termina um grupo de palavras, onde a frase fica em suspenso e onde, finalmente, se completa o sentido.»

"Compreender sem o auxílio da pontuação", vêem? Então, não se abespinhem com o exercício de ler mesmo onde falta boa pontuação.