20.6.11

o Partido Socialista


Quando o PS estava no governo, eu defendia que o país precisava de uma oposição forte. Agora que a direita está no governo, defendo que o país precisa de uma oposição forte, quer dizer, que ofereça ao país alternativas, credíveis e realizáveis, ao que vai fazendo quem está no governo. E acrescento que o PS terá de ser pedra fundamental nesse serviço ao país.
É por isso que estou pasmado com o que já se viu do processo de “renovação interna” do PS. Aparentemente, Carlos César é o único líder regional que ainda não tomou posição por Seguro ou por Assis. O que quer isso dizer? Quer dizer que toda a gente dentro do PS sabe muito bem o que valem e o que pensam Assis e Seguro, mas César é um negociador e está a falar com um e com outro só para aferir o preço que cada um está disposto a pagar? Se isso for assim, não será grande novidade, mas fica um bocado pior do que o costume na fotografia, já que parece que todos os outros líderes regionais se inclinaram expedita e mui informadamente. Ou a dita especificidade de César quererá dizer, pelo contrário, que o líder do PS nos Açores é o único dentro desse partido que tem consciência de quanto soa ridículo, aos olhos do país, que toda a gente corra a lançar-se nos braços de Assis ou de Seguro mesmo antes de Assis ou Seguro, generalidades à parte, dizerem minimamente ao país ao que vêm?
Que Assis e Seguro vêm ao cargo de secretário-geral do PS, já se percebeu. É até honroso: querer exercer essa responsabilidade neste momento difícil é uma disposição louvável. Que, certamente, cada um deles sabe muito bem o que quer fazer do PS, quero crer que sim: é o mínimo que tenho de acreditar para crer que os socialistas – pelo menos esses dois – não ensandeceram. Que os militantes do PS saibam bem o que pensam Seguro e Assis, e tenham na ponta da língua para os enunciar quais os critérios para os distinguir e preferir um ao outro, tenho de admitir que seja verdade. Só que, do ponto de vista do país – os partidos fazem sentido para o país, para os que não estão por dentro, para os que esperam perceber como se preparam as alternativas – do ponto de vista do país parece-me bizarro que se dê a entender que toda a gente dentro do PS já está a ser arregimentada em exércitos diversos sem que, de qualquer forma entendível para os não iniciados, se perceba quais as diferenças políticas que justificam essa correria aos apoios aos candidatos em presença.
Ou, então, sou eu que estou (ou sou) distraído.