5.4.11

hoje esperam por si 1.080.565 ofertas de emprego


O sítio da rede EURES ("O Portal Europeu da Mobilidade Profissional") todos os dias "diz" quantas ofertas de emprego estão activas nesse dia, discriminando o lote por países. Para não sermos metafísicos nem nada, nem usarmos complicadas estatísticas descritivas que uma nova classe de "teóricos sociais de esquina de balcão" considera que "são coisa muito diferente da realidade", limitemo-nos ao preciso dia de hoje, este dia concreto e breve com a data única deste apontamento. Hoje, precisamente hoje, há mais de um milhão de empregos à nossa espera em 30 países europeus (incluindo, portanto, alguns que não pertencem à UE).
Gerações passadas lutaram contra os atavismos, as guerras e os nacionalismos estreitos - também para que as pessoas tivessem maior mobilidade. A malta gosta de ir em Erasmus por aí, ou mesmo apenas em InterRail, praticamente não tendo de mostrar identificação, para tantos países sem sequer precisar de passaporte. Mas brada-se aos céus por haver emigração qualificada quando falta emprego no nosso país. A mobilidade profissional faz (fazia?) parte das utopias concretas, de profunda implicação no alargamento da cidadania, que estavam dentro dos motores mais genuínos da construção europeia. Era uma daquelas dimensões que tocam mesmo na pele das pessoas de carne e osso, da sua liberdade e da ampliação dos seus horizontes. Mas os novos reaccionários, que de repente descobriram o paroquialismo de pacotilha, acham de negrume esses novos horizontes.
Se me lembro bem, era a Ana Vidigal, talvez no Facebook, que reportava uma jovem, na manifestação de 12 de Março, a dar a seguinte explicação para não procurar melhores saídas noutros países: "Acho que os talentos não devem sair do país". Realmente, talentos destes só poderiam vingar escondidos dentro da arca. Fechados a sete chaves, pois claro.