21.4.11

a cidadania não tem donos; já agora: a esquerda também não


Publiquei aqui, recentemente, dois manifestos:

Um compromisso nacional.

Convergência nacional em torno do emprego e da coesão social.

Declarei-me de acordo com o primeiro e subscrevi o segundo. Acho que fui coerente ao apoiar ambos. Compromisso não é unanimismo; diferentes opções não devem impedir os compromissos; os compromissos devem ser escolhas sobre a importância relativa das diferenças.

Outro cidadão que se juntou a ambos os documentos foi Boaventura de Sousa Santos. Ao que eu faço ninguém liga, mas Boaventura foi atacado (vi no facebook) por ter assinado ambos os documentos. Dizia a pessoa em causa que os documentos são "opostos". Em concreto, Joana Lopes pergunta: será que Boaventura SS já explicou porque assinou, a uma semana de distância, dois documentos opostos? Afirma ainda Joana Lopes que Quem «exige» um próximo governo de «salvação nacional» não reconhece, de facto, que ele é impossível sem cedências gravíssimas ao estado social e à democracia.

Por favor, expliquem-me devagarzinho, para eu perceber: qual é a contradição/oposição entre os dois documentos?

Ou estaremos apenas perante mais uma manifestação de "clubismo", aquele tipo de reacção cuja matriz se resume a isto: mantém-te com os "nossos", não dês a mão ao inimigo, conversar com o diabo é pecado? Deve ser por isso que Joana Lopes escreve: [o segundo manifesto é uma resposta ao primeiro], "E foca os mesmos problemas, de modo diferente porque o posicionamento POLÍTICO dos subscritores é outro." É isso: como o "posicionamento POLÍTICO" é diferente, não pode haver compromissos.

De facto, se isso é que é ser de esquerda, fiquem lá com a bicicleta que eu não dou para esse peditório.