7.4.11

canalhices


O senhor da fotografia, de seu nome André Macedo, sempre que aparece na televisão tem ar e pose de quem gastou mais tempo a pentear os cabelos que lhe restam do que a preparar o conteúdo da intervenção. Mas permite-se tecer considerações perfeitamente canalhas, em artigo de opinião no DN, acerca de Sócrates, tirando ilações psiquiátricas do facto de Sócrates preparar em termos de imagem uma comunicação ao país da gravidade da que teve que fazer ontem. Por razões que agora não interessam, tenho resistido muito a comentar o papel comentarístico deste senhor - mas o que é demasiado é demasiado. Estou farto de gente que prega lições acerca do país, criticando os políticos por tudo e mais alguma coisa, mas aproveita todas as oportunidades para acrescentar mais um tijolo ao clima de ódio e de primarismo que tanto mal tem causado ao país nos últimos anos. Não deviam pedir a esta gente que sujasse tanto as mãos para ganhar a vida. Sim: se não fazem isto por necessidade de ganhar a vida, será por quê?

(Toquei este assunto antes, já hoje, de outro ângulo, aqui.)

Adenda.
As canalhices nunca têm "outro lado", são sempre e apenas canalhices. Mas, sobre o "outro lado" do rabisco daquele senhor da fotografia, limito-me a citar:
Esta perspectiva — Sócrates capitulou... — é tanto mais interessante quanto ilustra, de forma muito directa e reveladora, o processo de delirante fulanização com que, em quase todos os espaços dos meios de comunicação (com especial intensidade nas televisões), tem sido tratada a gestão-Sócrates. Há, por certo, diferenças significativas entre os vários meios de comunicação. Em todo o caso, por todos eles perpassa quase sempre uma crença banalmente teológica: se não existir mais nada para descrever ou explicar os nossos problemas, use-se a palavra "sócrates".
Escreveu João Lopes. A ler na íntegra aqui.