2.12.10

voar baixinho, como o crocodilo (*)


WikiLeaks: PCP chama ministro dos Negócios Estrangeiros ao Parlamento.
Continua o Público: «“Os documentos revelados pela WikiLeaks têm profundo impacto nas profundas contradições quer nas declarações do ministro os Negócios Estrangeiros quer nas declarações do primeiro-ministro em plenário de que nunca receberam qualquer pedido por parte dos Estados Unidos sobre voos da CIA”, afirmou aos jornalistas o deputado Jorge Machado. »
No duas ou três coisas lê-se:
A correspondência diplomática americana revelada pelo WikiLeaks refere-se, a certo passo, ao conhecimento dado às autoridades portuguesas, pelos seus homólogos americanos, de voos tendo como origem Guantanamo, levando a bordo detidos repatriados, sobre cujo futuro tratamento, nos países de destino, Portugal cuidou em pedir esclarecimentos, antes de dar autorização para a sua passagem por aeroportos nacionais.
O que eu não entendo é o que isso tem a ver com anteriores voos tendo como destino Guantanamo, que terão passado anos antes por Portugal, relativamente aos quais as autoridades portuguesas sempre afirmaram, sem que alguém tivesse conseguido provar o contrário, não terem sido informadas de que transportavam detidos? É que, sobre esses voos para Guantanamo, que eu saiba, não há uma única linha nos documentos do WikiLeaks.

Mais uma corrida demasiado apressada de quem confia mais nas suas próprias crenças do que nos resultados dos inquéritos? Espero que sim - já que eu ficaria muito abespinhado se o governo de Portugal tivesse colaborado em acções ilegais de violação dos direitos humanos. Mesmo que apenas por falta de cuidado e vigilância das suas obrigações. De qualquer modo, já estou habituado a certas pessoas andarem sempre a gritar pelo lobo - e o lobo, nada.

(*) As saudades que eu tenho das anedotas sobre a União Soviética...