23.2.10

Sócrates nos Sinais de Fogo



O jornal i escolhe três comentadores isentos e objectivos para se pronunciarem sobre a entrevista de José Sócrates, ontem na SIC, a Miguel Sousa Tavares. Há lá pérolas de análise política. Vejamos.
Maria Filomena Mónica, que confessa ter entrado a certa altura em estado de hibernação, diz de Rui Pedro Soares: "É possível que quem vê caras não veja... competências, mas olhando o rosto do rapazinho, alguém é capaz de justificar o salário que recebia?". Esta senhora assina um "depoimento" destes e apõe ao seu nome, nesse lugar, a condição de "socióloga". Há por aí patrões que também decidem o salário pela cara... da menina a contratar. É a esse nível que se coloca Maria Filomena Mónica neste sapiente comentário.
Vasco Graça Moura, que assina como escritor, o que é pena por como escritor ter valia, escreve: "Aquilo que ele faz para apresentar a situação económica do país em relação aos números que ele considera ser mais positivos que nos outros países da zona euro - Espanha, Grécia - é desmentido diariamente pela experiência de todos os portugueses". O senhor escritor não discute números, por isso não lhe interessar. O senhor escritor acha que as economias comparadas dos vários países são sentidas diariamente pelos portugueses. Quer dizer: ou os portugueses viajam diariamente por toda a zona euro, ou o senhor escritor leva o "achadismo" ao cúmulo ("eu acho que...") ou o senhor Moura não percebeu nada do que ouviu e pensa que os dados económicos são inventados da mesma maneira que ele escreve romances.
Maria João Avillez, outra peça deste trio de comentadores isentos e objectivos, diz que Sócrates foi "mais do mesmo, devolução obsessiva de acusações, negações, vitimizações. Tudo o que o país dispensava, nada do que o país necessita." A senhora Avillez gostaria que o PM se calasse à tormenta de mentiras de que tem sido alvo. É um gosto dela, ela lá sabe, deve fazer parte da sua isenção de jornalista e comentadora. Mas devia, pelo menos, lembrar-se de quem fez as perguntas a que Sócrates respondeu: o jornalista, não o entrevistado. E, já agora, ser pessoa suficiente para ter ouvido o PM falar do país quando lhe foi dada oportunidade. Mas Avillez, nessa altura, já devia estar a dormir. Talvez ela "ache" que é disso que o país precisa.
Estes três acima são aquilo a que o i chama "o nosso painel". Palmas para o i. As recentes aquisições para colunistas estão conformes com o elevado nível deste painel. Sem dúvida.